ATA DA DÉCIMA SÉTIMA SESSÃO SOLENE DA SEXTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA NONA LEGISLATURA, EM 10.05.1988.

 

 

Aos dez dias do mês de maio do ano de mil novecentos e oitenta e oito reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Décima Sétima Sessão Solene da Sexta Sessão Legislativa Ordinária da Nona Legislatura, destinada a homenagear os cento e trinta anos da Associação Comercial de Porto Alegre. Às dezessete horas e vinte e sete minutos, constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e convidou os Líderes de Bancada a conduzirem ao Plenário as autoridades e personalidades presentes. Compuseram a MESA: Ver. Brochado da Rocha, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Dr. César Rogério Valente, Presidente da Associação Comercial de Porto Alegre; Ver. Nereu D’Ávila, Secretário Municipal de Produção, Industria e Comércio, representando, neste ato, o Prefeito Alceu Collares; Dr. Rodolfo Englert, Conselheiro Benemérito da Associação Comercial do Rio Grande do Sul; Sr. Cláudio Riff Moreira, Presidente da Federação de Jovens Empresários; Sr.ª Maria Eny Prates Seligman, Diretora do Museu de Porto Alegre, representando, neste ato, o Secretário Municipal de Cultura, Prof. Joaquim José Felizardo; Sr. Luiz Martins Fialho, Presidente da Fundação Schuster; Jorn. Wilson Müller, representando, neste ato, o Presidente da Associação Rio-Grandense de Imprensa, Sr. Alberto André; Ten.Cel. Bento Matusalém de Vasconcelos, representando, neste ato, o Comandante-Geral da Brigada Militar, Cel.PM Jerônimo Braga; Ver. Artur Zanella, proponente da Sessão e, na ocasião, Secretário “ad hoc”. A seguir, o Sr. Presidente concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Ver. Hermes Dutra, em nome da Bancada do PDS, falou que a Associação Comercial de Porto Alegre passou por muitas dificuldades salientando que a data hoje comemorada não deve ser apenas de festa, mas de reflexão sobre o que representa a classe empresarial, neste momento de grande crise em que essa Associação tem muito o que lutar pelos interesses da população. Salientou que a ACPA tem marcado sua presença na história de Porto Alegre, chegando mesmo a avançar em um âmbito econômico nacional. O Ver. Jorge Goularte, em nome da Bancada do PL, congratulou-se com a Associação Comercial de Porto Alegre, dizendo que o empresário é, na conjuntura atual, um herói, que gera empregos e impostos. Ressaltou que seu Partido defende a livre iniciativa e registrou a importância da ACPA e da luta da classe empresarial do Município para fazer frente aos problemas enfrentados em virtude da crise porque passa o País. Citou as figuras de Rubem Berta e César Rogério Valente como exemplos de dedicação e de empresários nacionalmente reconhecidos. Mencionou, ainda, a discussão do projeto “sábado inglês”, lembrando projeto de sua autoria que autoriza a liberação dos horários do comércio, inclusive os domingos, entre outras vantagens. O Ver. Artur Zanella, em nome das bancadas do PFL, PMDB, PDT e como proponente da Sessão, discorreu acerca dos motivos que o levaram a solicitar a presente homenagem, analisando a profunda ligação existente entre a história do comércio e a história da sociedade humana. Teceu comentários sobre a criação e o desenvolvimento da ACPA e sua importância para o progresso estadual. Em continuidade o Sr. Presidente convidou o Ver. Artur Zanella a proceder à entrega do troféu “Frade de Pedra” ao Dr. César Rogério Valente, Presidente da Associação Comercial de Porto Alegre. Após o Sr. Presidente concedeu a palavra ao Dr. César Rogério Valente que, em nome da ACPA, agradeceu a presente homenagem. Após, o Sr. Presidente fez pronunciamento alusivo à solenidade, convidou as autoridades e personalidades presentes e passarem à Sala da Presidência e, às dezoito horas e quatorze minutos, nada mais havendo a tratar, encerrou os trabalhos convocando os Srs. Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Brochado da Rocha e secretariados pelo Vereador Artur Zanella, como ecretário “ad hoc”. Do que eu, Artur Zanella, Secretário “ad hoc” determinei se lavrasse a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelo Sr. Presidente e pela Sra. 1ª Secretária.

 

 

O SR. PRESIDENTE: Declaro abertos os trabalhos da presente Sessão. O Requerimento solicitando esta homenagem é de autoria do Ver. Artur Zanella, tendo sido o mesmo aprovado pela Casa no dia 09.03.88.

Neste ato as Bancadas com assento nesta Casa serão representadas pelos Vereadores Hermes Dutra, Jorge Goularte e Artur Zanella.

Pela ordem, concedemos a palavra ao Ver. Hermes Dutra, que falará em nome da sua Bancada, o PDS.

 

O SR. HERMES DUTRA: (Menciona os componentes da Mesa.) Senhoras e senhores. Serei breve. Sr. Presidente, e assumo à tribuna para registrar a presença de meu Partido, em meu nome pessoal e dos Vereadores Rafael Santos e Mano José, para marcar presença neste ato, em tão boa hora lembrado pelo ilustre Ver. Artur Zanella, de comemoração, por parte da Casa do Povo de Porto Alegre, dos 130 anos da Associação Comercial de Porto Alegre.

Fico a imaginar, Sr. Presidente, que se olhássemos para trás e pudéssemos vislumbrar a estrada percorrida nesses 130 anos, certamente não deve ter sido uma estrada asfaltada, com sinalização perfeita e com todas as garantias de segurança. Creio que devem ter havido percalços, dificuldades, desde a primeira reunião para constituição da Associação até as grandes lutas a que ela tem se integrado de forma muito especial nos conturbados dias em que hoje vivemos. Por certo, o autor da proposição haverá de comentar fatos relevantes da vida desta entidade. Não posso, contudo, deixar de fazer, em nome do meu Partido, o PDS, nesta oportunidade, o registro dos 130 anos da Associação Comercial de Porto Alegre. Não deve ser motivo somente para festas, deve ser motivo, sobretudo, para uma reflexão muito profunda e muito grande sobre o papel que devem desempenhar os homens que lideram uma classe como é a representada pela Associação Comercial. Nos dias de hoje, em que os interesses se contrapõem uns aos outros e que, nesta luta constante, muitas vezes os bons interesses não conseguem vencer os interesses mesquinhos, é importante que se pense no valor da luta de uma entidade como a Associação Comercial de Porto Alegre, luta esta muitas vezes incompreendida por uns e até mesmo combatida por outros. Mas, na verdade, é com esse caldo de história, ao longo desses 130 anos, que a Associação Comercial de Porto Alegre marcou, no tempo e no espaço, a sua presença, e de forma muito particular, repito, nos dias de hoje, dias em que a população brasileira caminha menos se cuidando de um automóvel, ao atravessar a rua, e mais preocupada com os pontos de interrogação que lhe assomam à cabeça, porque é verdade que nós vivemos um grande momento de angústia nacional, e nestes momentos é que as entidades de representação que têm a coragem de vir a público levar os seus pontos de vista têm importância fundamental. E a Associação Comercial de Porto Alegre, quase fundida com a Federação das Associações Comerciais do Rio Grande do Sul, não tem-se furtado a este desafio; tem partido para a luta, tem levado a sua opinião, tem discutido, tem brigado, e é isto que nós esperamos de uma associação desse porte. E isto que se faz hoje, nada mais é do que o resgate da luta feita desde o primeiro ano, nestes 130 longos anos de luta, que marcaram e que formaram uma consciência na entidade, na defesa intransigente dos interesses, não dos seus representados somente, porque hoje nós podemos ver a Associação Comercial de Porto Alegre, juntamente com a Federação e ao lado, avançando na luta dos grandes interesses nacionais e estaduais, coisa aliás que estamos precisando cada vez mais, pois como disse, poucos são, infelizmente, os que tem coragem de vir à público e dizer a sua opinião, que muitas vezes, por certo, não agrada a todos. E neste aspecto a Associação Comercial de Porto Alegre se salienta. Não vou falar, aqui, Sr. Presidente, na importância do comerciante, na importância do homem do comércio, que desde os primórdios da história até os dias de hoje tem marcado, de forma constante, a sua presença no desenvolvimento dos povos. Mas, devo, por um dever de justiça, dizer que Porto Alegre, a história da cidade de Porto Alegre, quase se confunde, também, com a história do seu próprio comércio.

E a Casa do Povo de Porto Alegre, quando se reúne numa Sessão Solene para homenagear os 130 anos da sua Associação Comercial, nada mais faz, na verdade, do que demonstrar o apreço que tem a Cidade, o povo de Porto Alegre, pela sua Associação Comercial.

Receba, Dr. César Rogério Valente, os nossos cumprimentos, extensivos a toda a sua Diretoria, que temos tido a felicidade de contatar de forma mais constante nestes últimos anos e assistido ao batalhar diário em defesa dos interesses da Associação, da Cidade, do Estado e do País.

E os nossos desejos que estas comemorações dos 130 anos, a par da reflexão que vai surgir, certamente, sirva também para marcar novos caminhos a serem trilhados pela Associação, sempre na defesa intransigente dos interesses seus, da sua Cidade e do seu Estado. E que, sobretudo, Dr. César Rogério Valente, a Associação possa, também, até certo ponto, diminuir a sua luta, não por escassez de idealismo dos que a acompanham, mas porque soluções hão de vir para estes angustiantes problemas, fazendo com que descansemos, nós políticos e vós homens do comércio, os homens da Associação, porque, efetivamente, já há um certo cansaço da falta de soluções para os graves problemas que nos afligem.

Por isso, repito e concluo, Sr. Presidente, desejando muitas e muitas felicidades, e que possamos, sempre, a cada ano que passa, comemorar este aniversário olhando as vitórias conquistadas e os eventuais percalços que podem ter havido a cada ano que passa, que sirvam sobretudo para fortalecer o entusiasmo da classe dos comerciantes e o entusiasmo e a dedicação na luta pelo bem comum. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Jorge Goularte, que falará pelo PFL.

 

O SR. JORGE GOULARTE: (Menciona os componentes da Mesa.) Srs. Vereadores, senhores empresários, minhas senhoras, meus senhores. Como disse o Ver. Hermes Dutra, a parte de relatório desta Sessão Solene pertence ao autor da proposta. Mas nós não poderíamos ficar ausentes, omissos nesta homenagem que se presta a esta Associação Comercial nesses 130 anos de vida. Por muitos motivos e, em primeiro lugar, por pertencer a um partido que defende a livre iniciativa. Em segundo lugar, por termos tido ao longo de tantos anos uma convivência muito intensa com a Associação, especialmente a de Porto Alegre e de São Paulo, através de amigos que foram Presidentes daquela Associação. E durante todo esse tempo tivemos uma convivência muito grande e uma colaboração dos empresários, visando o bem de Porto Alegre. Parece que as pessoas, alguns demagogos, incapazes, tentam criar uma confusão em relação à verdadeira função do empresário, que é um herói nesta terra, porque, se quisesse descansar em berço esplêndido, aplicaria apenas no Mercado Financeiro e não teria maiores dificuldades. Eu rendo as minhas homenagens aos empresários que geram empregos, que produzem, que geram impostos, porque, sem eles, não tendo emprego, só pode vir daí a fome e a miséria. Nós temos que ter a coragem de dizer isso. E é isso que temos feito nesta Casa e, ao falar hoje, nesta tarde, fazemos como uma prestação de contas à Associação Comercial de Porto Alegre. Porque não sei se no próximo ano estaremos aqui nesta data, pois vamos ter uma eleição este ano e é provável que não estejamos aqui, mas, enquanto estivemos aqui, nesta Casa, nós sempre defendemos a livre iniciativa e defendemos, acima de tudo, o bom senso. E por que não dizer, o bom senso vem exatamente de associações como esta, que nos deu grandes homens e que eu cito apenas dois como grandes exemplos: o Dr. Alberto Carlos Berta, que nos deixou, uma grande homenagem póstuma, e o Dr. César Rogério Valente, extraordinário homem público que tem lutado intensamente pelo bem-estar do povo brasileiro. Digo isso com tranqüilidade, porque o trabalho do César Rogério Valente, junto aos Constituintes, evitando especialmente a estupidez da estabilidade aos noventas dias, é algo que tem que ficar marcado nesta Casa e eu faço isso aos Anais. César Rogério Valente, Ary Marimon, grandes líderes, Cláudio Riff Moreira, empresário jovem, atuante, também, junto aos Constituintes. Em São Paulo, a Associação Comercial nos deu o Guilherme Afif Domingues, se não é o maior Deputado deste País, está entre os maiores, pela sua lucidez, pela capacidade com que defende o bem-estar deste País, sem demagogia, que não constrói. Sem aquela demagogia da busca do voto fácil, olhando este País para o seu bem-estar, para o seu povo, e não visando à política mesquinha e sem sentido de buscar apenas o voto fácil. Por isto, senhores empresários do comércio, venho a esta tribuna prestar estas contas, o que faço à Associação Comercial, sobre a luta contra o famigerado “sábado inglês”. Luta esta que tenho tido durante tanto tempo nesta Casa. E, agora, comunico aos empresários, aproveitando esta oportunidade, o “sábado inglês” retorna, para discussão e votação nesta Casa. E eu tenho um Projeto paralelo, exatamente visando a eliminar esta excrescência, porque este País precisa é de trabalho. Eu digo da tribuna: sou contra o seguro-desemprego, eu prefiro o emprego seguro. Este País tem que olhar é para este lado, para o trabalho. Que bom que Porto Alegre pudesse ter as suas lojas abertas a noite inteira! Geraria mais empregos, nós teríamos os nossos turistas com possibilidades de compras. Sei que ainda não chegamos lá, mas talvez possamos chegar. Então, o meu projeto é muito simples, tem só um artigo: “É livre o comércio em Porto Alegre, revoguem-se as disposições em contrário”. É isto. Deixem a livre iniciativa. O governo não atrapalhando já está bom, já ajuda bastante os empresários. É por isto que, cada vez mais, eu defendo a livre iniciativa. E se no próximo ano, meu caro César Rogério Valente, meus caros diretores, prezados empresários, eu não estiver aqui na tribuna, quero estar lá com vocês, do outro lado, mas defendendo as idéias dos senhores, que levam o progresso deste Município, deste Estado e deste País com competência e altivez. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A seguir, a Mesa concede a palavra ao Requerente da proposição, Ver. Artur Zanella. V. Exa. falará, neste ato, em nome das Bancadas do PFL, do PMDB e do PDT, com assento nesta Casa.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: (Menciona os componentes da Mesa.) Outras autoridades que aqui estão, que eu representaria pelo Dr. Marivaldo Tumelero, que é o Presidente da ACOMAC; Dr. Derbi Bordin, que é Presidente da ADABA; demais entidades e presidentes que aqui estão neste momento e que não estão nesta Mesa, neste momento, tendo em vista a exigüidade e a modéstia das nossas instalações.

Especialmente represento a Verª Gladis Mantelli, que falaria em nome do PMDB e que com o seu discurso pronto teve um problema de saúde e pediu-me que enfatizasse a sua condição de oradora nesta Casa e quando possível procura estar nas reuniões da Associação Comercial e da FEDERASUL. Falo também em nome do PDT e especialmente da Bancada do PFL que, junto com o PDS e o PL, aqui está, nesta solenidade, ressaltando a ausência da Vereadora do PMDB em razão de problemas de moléstia.

Mas eu pedi, solicitei esta Sessão, porque sempre aprendi que a história, a história universal, história deste País, se confunde com a história do comércio desde a pré-história, início das civilizações quando as dificuldades do relacionamento comercial pelo escambo terminaram por gerar moedas. Quando o comércio incentivou e gerou as navegações dos gregos, dos fenício, dos romanos, egípcios, desde que a busca de novos mercados, de novos caminhos ensejou a descoberta da América, a descoberta do Brasil. Desde que o primeiro herói nacional liderou uma revolução: a Inconfidência Mineira, em luta contra aquela agressão comercial que Portugal fazia contra o Brasil e que se preparava uma derrama, que era para cobrar impostos extorsivos, metade dos impostos cobrados hoje, diga-se de passagem. Desde que D. João VI, na abertura dos portos do Brasil às nações amigas, desde que os paulistas com seus animais carregando as cargas, desde que os navegadores romperam a Barra de Rio Grande, o comércio sempre conduziu a história do mundo e dos países. Modernamente não foram as armas que abriram a cortina de ferro, a cortina de bambu, na China, e sim o comércio que está abrindo esses relacionamentos.

Em função desta importância que eu pedi esta Sessão e, também, especificamente, porque não estamos comemorando 13 anos da Associação Comercial de Porto Alegre. Nós estamos comemorando 130 anos. Fundada em 14 de fevereiro de 1858, com sua primeira sessão administrativa em 09 de maio do mesmo ano; com a primeira sede na casa do Comendador Porto, que hoje é rua de Porto Alegre, tem o seu primeiro presidente, Lopo Gonçalves Bastos, Vereador e Presidente do Conselho de Vereadores, à época, e na prática o Presidente Municipal da Cidade, eis que o Prefeito não existia naquela Cidade de 42 mil habitantes. E as estatísticas são bem precisas: 42 mil almas, das quais 5.300 negros, escravos, 6.900 pretos e os outros brancos. Nesse momento, a primeira entidade que se cria no Rio Grande do Sul, aglutinando as forças produtoras, é a Associação Comercial de Porto Alegre, e lá por meados de 1929 começou a tomar corpo a implantação de sua sede que daria, então, ares de metrópole a Porto Alegre. Eram 256 mil habitantes em toda a Capital, duas vilas e meia das grandes vilas de Porto Alegre de hoje, e naquele momento, novamente, a Câmara Municipal de Vereadores de Porto Alegre faz campanha de cedência do terreno onde seria erguido aquele grande edifício, e o seu Prefeito naquela época, Alberto Bins, assina a Lei que doa o terreno; ele, Alberto Bins, que fora Vereador e Presidente da Associação Comercial de Porto Alegre. Naquele mesmo ano também Getúlio Vargas, pela Lei 510, criou uma taxa de um real por quilograma dos produtos exportados pelo porto, para a construção da sede que, inaugurada em 1940, em 1941 já é cercada pelas águas do Guaíba naquela grande enchente. Procurei outras relações com esta Casa dos grandes presidentes e vejo Alberto Bins, repito, Conselheiro Municipal. Lopo Gonçalves Bastos, falecido em 1888, concomitantemente Presidente da Câmara Municipal e Presidente e fundador da Associação Comercial. O Barão de Caí, Presidente da Câmara em 1875. Marcino José de Mattos, Vereador, Presidente em 1897. Eurípedes Mostardeiro, 1915. Floriano Nunes Dias, em 1917. Francisco Bento Junior, em 1924. E aquele que foi um dos maiores Vereadores que esta Cidade teve, também Presidente da Associação Comercial, Adel Carvalho, em 1955.

E não podemos esquecer outros nomes. Afonso Paulo Feijó, Enio Aveline da Rocha, Fábio Araújo Santos, tio de nosso Ver. Carlos Rafael dos Santos, e Antônio Carlos Berta, que morreram no cumprimento do seu dever.

Eu, hoje, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, diria que mais do que fazer uma apologia da Associação Comercial de Porto Alegre, a simples leitura de seus nomes, de seus dirigentes, a maioria dos quais estão aqui presentes, já dá uma pequena amostra da potencialidade e da importância dessa entidade para nós.

Um Presidente como César Rogério Valente, um Vice-Presidente como Alfredo Mello. Demais Vice-Presidentes: Anton Karl Biedermann, Arturo José Furlong, Carlos Willy Engels, Daniel Ioschpe, Fúlvio Araújo Santos, Hélio Maurer, Hermann Cláudio Bojunga, João Lauro Kliemann, Leonardo Ely Schreiner, Luiz Carlos Milano, Nelson Reynaldo Langer, Oscar Celeffi, Osmar Lanz, Paulo Celso Dihl Feijó e Sérgio Saraiva. 1º Secretário, Ignácio Miguel Gassen. 2º Secretário, Ubirajara de Jesus Pereira. 1º Tesoureiro, Renato Barth Ritter. 2º Tesoureiro, João Leocádio Froelich. Diretores: Adair Jacques Schiavon, Alexandre Langer, Armando Chaves Garcia de Garcia, Avelino Miranda Viana, Carlos Frederico Hofmeister, Derbi Bordin, Edmar Fellipi, Egydio Pedro Backes, Enio Lunardi Machado, Gunnar Lindquist, Henrique Pernau, Irineu Spier, José Franklin de Mello Xavier, Marivaldo Antônio Tumelero, Pedro Chaves Barcelos, Pedro Zaffari, Sigismundo Furstenau e Thomas Bier Hermann. Diretor-Executivo, Lírio Generalli. Secretário-Geral, Camilo Guilherme Perez. Esta citação se faz presente porque isto aqui é a vanguarda das classes produtoras rio-grandenses. Isso diminui a necessidade de fazer um longo discurso, porque, aqui, nesta lista, estão os representantes deste Estado. E, hoje, quando, essa casa, de comerciantes, enfrenta esta realidade tão difusa, uma realidade onde não se sabe como é que as classes produtoras conseguem ficar há mais de um ano e quatro meses à espera das regras constitucionais. Uma casa cuja principal virtude, para mim, são os seus princípios e a coerência. Uma casa que quando teve que se manifestar sobre aquela panacéia brasileira que era o plano cruzado foi para a frente dos debate dizer, claramente, a sua opinião, que não era simpática. Uma casa que tem, hoje, condições, por sua integridade, por seu peso político, por seu peso moral, de pregar a diminuição do déficit público em todos os seus níveis. Uma Casa dessas, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, Srs. Presidente e Srs. Diretores da Associação Comercial de Porto Alegre, merece muito mais do que a homenagem da Câmara Municipal de Vereadores que representa a Cidade. Essa casa merece a gratidão de todos aqueles que querem um país livre, um país desenvolvido, um estado pujante e uma cidade mais bela e mais feliz.

Eu tenho que agradecer, na verdade, a presença dos senhores, pois quem se sente homenageado, hoje, somos nós com a presença de todos. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Pediria que o autor da presente Sessão fizesse a entrega do Troféu “Frade de Pedra”, que traduz o apreço da população de Porto Alegre às pessoas vinculadas à Cidade e que efetivamente prestam serviço a ela. Historicamente representa a hospitalidade rio-grandense, mas especialmente porto-alegrense, dizendo da nossa fraternidades e das boas-vindas permanentes.

Convido o Ver. Artur Zanella a fazer a entrega ao Dr. César Rogério Valente. (Palmas.)

A seguir, a Câmara de Vereadores convida a usar da palavra o Dr. César Rogério Valente, Presidente da Associação Comercial de Porto Alegre, hoje homenageada.

 

O SR. CÉSAR ROGÉRIO VALENTE: (Menciona os componentes da Mesa.) Minhas senhoras e meus senhores.

Gostaria, nesta oportunidade, abandonando inclusive texto previamente preparado, externar o meu emocionado agradecimento à Câmara de Vereadores de Porto Alegre, que através do Ver. Artur Zanella teve a gentileza de prestar esta homenagem a nossa Associação Comercial por ocasião dos seus 130 anos de existência.

Quero agradecer as palavras generosas dos Vereadores Hermes Dutra, Jorge Goularte, Ver. Artur Zanella, autor desta proposição.

Gostaria de registrar que a Associação Comercial de Porto Alegre apresenta - como muito bem relatou o Ver. Artur Zanella - muitos pontos comuns ao longo da história com o trabalho que vem sendo desenvolvido pela Câmara de Vereadores.

Não é uma mera coincidência o fato histórico de Lopo Gonçalves ter sido Vereador e ter sido o 1º Presidente, fundador da Praça do Comércio, hoje, Associação Comercial de Porto Alegre.

Não foi mera coincidência o fato de Alberto Bins, como Prefeito, testemunhar e participar do lançamento do Palácio do Comércio, tendo sido, também, Alberto Bins, Presidente da Associação Comercial de Porto Alegre.

Como, também, não foram coincidências as citações do Ver. Artur Zanella e de muitos outros Vereadores ilustres que, também, foram presidentes da Associação Comercial de Porto Alegre. A nossa entidade, ao longo de mais de um século de existência, sente-se profundamente dignificada em poder contar, na sua galeria de ex-presidentes, com homens públicos tão ilustres como os que foram relacionados. Quando digo que esses fatos não se constituíram em meras coincidências, refiro-me explicitamente ao fato de o trabalho da Câmara de Vereadores e da Associação Comercial representar, acima de tudo, um trabalho com os mesmos objetivos. Embora tenhamos até estatutariamente uma prevalência em termos de preocupações negociais, em nenhum momento a Associação deixou de participar ativamente dos problemas diários da comunidade que nos cerca, porquanto eles também são os que, como empresários, vivemos, porque acima de empresários, independente de empresários, todos nós amamos, convivemos e vivemos nesta Cidade. Esta Cidade recebe da Associação uma permanente atenção em relação a tudo aquilo que diz respeito ao seu crescimento, ao seu desenvolvimento e ao equacionamento de todos assuntos.

Por isso, a interação, esse relacionamento histórico, insisto em dizer, entre a Câmara de Vereadores e a Associação Comercial de Porto Alegre. Quero agradecer, com muita emoção, esta homenagem, em especial ao Ver. Artur Zanella, pela lembrança em colocar nos Anais desta Câmara o aniversário da Associação Comercial, mais um aniversario de nossa entidade, deixando, acima de tudo, uma constatação: este ato significa uma garantia de continuidade de um relacionamento amistoso, profícuo em termos de resultados e, acima de tudo, uma demonstração inequívoca de que por muitos e muitos anos nós e aqueles que vierem a dirigir a Associação Comercial no futuro, estarão permanentemente dialogando. Porque do bom diálogo entre os representantes do povo porto-alegrense e os representantes do comércio de Porto Alegre, sem dúvida nenhuma, estarão dependendo, também, bons resultados para o futuro da nossa Cidade.

Muito obrigado a todos os senhores, muito agradecido pela homenagem que colocamos, também, nos Anais da Associação Comercial, como uma homenagem em uma data que é histórica. Pois esse dia é para a Associação também um dia histórico, porque estamos sendo homenageados por esta Casa tão importante para a nossa Cidade.

Muito obrigado a todos, muito obrigado ao Ver. Artur Zanella de um modo especial. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Ao encaminhar a presente Sessão em que as Bancadas com assento nesta Casa exteriorizaram o pensamento da Casa, pelas suas Bancadas, quero nesta oportunidade somente me permitir fazer um pequeno acréscimo, dizendo que a história de Porto Alegre está indelevelmente vinculada à Associação Comercial. Se formos olhar e catalogar a história de Porto Alegre, o cidadão porto-alegrense sempre teve nas entidades, nas casas comerciais filiadas a entidades, seus pontos referenciais. A cada ponto desta Cidade existe uma referência de uma casa comercial que transcende os aspectos econômicos peculiares da nossa sociedade, mas também se insere na alma e na vivência do dia-a-dia de todos nós.

Quem não se lembra de casas comerciais que incorporaram-se à alma e ao espírito de quem viveu nesta Cidade. Cada esquina acolheu o calor humano, uma simples troca entre o dinheiro e algum objeto qualquer ou um serviço qualquer. Mas acima de tudo, naquele momento, se está a estabelecer a esquina que se busca, desde o mais simples servidor da loja até o diretor. Não há nenhum de nós, Vereadores ou não, representantes do povo, da população de Porto Alegre, que não tenha em sua retina um canto, uma rua, uma praça, que não esteja marcado por uma casa comercial. Isto já faz parte do nosso dia-a-dia. E somente uma data longínqua, de 130 anos, nos mostra que, neste momento, em que pese os relevantes problemas que nos cercam, é possível, ainda, buscarmos, no fundo da alma, aquelas coisas que povoam a nossa existência e as nossas circunstâncias. Tenham a certeza, senhores que aqui muito honram esta casa – cada um representando um todo que é a cidade de Porto Alegre – que existe um canto pelo qual cada um dos senhores foi responsável num momento. Comércio é comércio, entendo eu, mas as tratativas que aí se fazem servem, indelevelmente, para marcarmos a nossa existência. Por isso, acredito que é um ato, o do dia de hoje, em que, sobretudo, poderíamos desfilar aqui imensas paisagens urbanas da cidade de Porto Alegre, que congregam a todos nós. E digo mais, enquanto não estabelecermos um ponto onde pudermos premiar a sociedade, como era exatamente a Rua da Praia, onde conviviam todas as camadas sociais, desde os mais ricos até os mais pobres, desde os mais eruditos até os mais simples, nós estaremos dentro de uma sociedade afastada. E lá, todos nós fazíamos, num tempo, a nossa vida e nós até hoje, em Porto Alegre, estamos a procurar pontos de encontro onde a sociedade possa se premiar. Era isto que a Rua da Praia nos facultava. É claro que a Rua da Praia minha não é a Rua da Praia daqueles que tiveram pontos outros na Cidade, mas que, sobretudo, destacam a existência. Seria impossível imaginar uma cidade sem a Associação Comercial, ou sem as casas que nós freqüentamos, ainda hoje. Por isto, Ver. Artur Zanella, a sua proposição recebeu acolhida, com justificativas diferentes de cada Vereador da Casa, mas, sobretudo, fez com que nós, neste momento, prestássemos uma referência, uma saudação, uma homenagem a todos aqueles que contribuíram e contribuem, decisivamente, para a nossa querida Cidade. Muito obrigado aos senhores, muito obrigado a todos aqueles que, de uma forma ou de outra, colaboraram para a realização deste momento, que apenas é um momento de fé, de esperança e de justiça. (Palmas.)

Estão encerrados os trabalhos.

 

(Encerra-se a Sessão às 18h14min.)

 

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